Escola Barão de Congonhas - a caminho de seu centenário...

Ao percorrermos a linha do tempo congonhense, observamos que sua tradição religiosa e seu pendor cultural se confundem com a devoção à Nossa Senhora da Conceição e do Rosário (manifestadas nos primórdios do século XVIII), ao Bom Jesus de Matosinhos e sua majestosa Basílica, e do Colégio construído no seu entorno para a educação da mocidade, como se dizia à época.

Fachada da Escola Municipal Barão de Congonhas - 2023 - Foto: Racchel Santiago

Com o crescimento populacional do arraial, em fins do século XVIII, a administração da Mesa da Irmandade do Senhor Bom Jesus de Matosinhos iniciou um processo que visava oferecer o ensino das “primeiras letras” às crianças e adolescentes que pudessem ser alfabetizados em Congonhas. As aulas eram pagas, porém, poucas eram as famílias que na aquela época pudessem custear a educação de seus filhos. 

No início do século XIX existiam apenas dois colégios em Minas Gerais: o Seminário Nossa Senhora da Boa Morte de Mariana (1750) e o do Caraça (1820), ambos dedicados à formação de padres. E Congonhas reunia nesse momento, favoráveis condições (fervor devocional ao Bom Jesus com romarias, clima aprazível e razoáveis distancias entre Mariana e Caraça) para a criação de um colégio nos moldes dos já existentes naquele longínquo período pós independência brasileira. 

Dessa feita, a Mesa da Irmandade encetou com os padres lazaristas (que trouxeram para Congonhas sua experiência do Colégio do Caraça), a construção do prédio onde funcionou o seu primeiro educandário. Através da Portaria expedida em 9 de junho de 1827 e assinada pelo Ministro da Justiça, Conde de Valença, os lazaristas assumiram o Colégio por meio do Padre Leandro Rebello Peixoto de Castro¹, que indicou o padre José Affonso de Moraes Torres para administrá-lo, seguindo o modelo do Caraça, como expresso na Portaria Imperial. Edificou-se assim em Congonhas o Seminário Matosinhos, voltado exclusivamente para a formação de clérigos. Ao longo de décadas, o colégio tornou-se referência no Brasil, possibilitando aos internos um ensino de excelência.

Em paralelo aos três educandários existentes em Minas até então, o modelo de educação oferecido nas vilas, freguesias e arraiais mineiros do século XVIII e XIX, era, geralmente, capitaneados pelos párocos que faziam o papel inicial de professores, ministrando aulas comumente nas casas dos próprios alunos, cujas famílias tinham condições de pagá-las. Existia ainda a figura do “professor leigo” nessa época.

Cabe ressaltar que as comunidades no entorno de Congonhas no fim do século XIX, também careciam da oferta de ensino para suas crianças.

Mas a partir da reforma na educação mineira que ficou conhecida como “reforma João Pinheiro”, de 1906, instituiu-se o modelo de grupo escolar ou ensino primário, seriado, no Estado. Em 1909, após a promulgação do Decreto Estadual nº 2.587, era criado na povoação do Pires um grupo escolar misto, no qual podemos considerá-lo como a primeira unidade escolar primária, baseada no novo modelo de educação, no entorno do núcleo urbano de Congonhas.

Depois foi a vez da criação, em 1922, da escola rural mista no povoado de Esmeril através do Decreto Estadual nº 6.004, seguindo o novo modelo educacional.

Assim temos os primeiros educandários² instalados em Congonhas e em sua vizinhança até o início do século XX: o Colégio Matosinhos (1827), as escolas mistas dos distritos de Lobo Leite (antigo Soledade) e Alto Maranhão (outrora Redondo), ambos criados no curso do século XIX, o grupo escolar misto do Pires (1909) e a escola rural mista do Esmeril (1922).

Surge o grupo escolar “Congonhas do Campo”:

No descortinar do século XX Congonhas ainda era um distrito pacato e com crescimento estagnado há tempos devido ao esgotamento do ouro, que tanto enricou quem por estas paragens se dirigiu entre os séculos XVIII e XIX. E a incipiente exploração do minério de ferro principiava a se tornar realidade, o que mudaria para sempre o futuro congonhense.

Corria o ano de 1923 e após uma intensa negociação das lideranças políticas do distrito congonhense, conseguiram unificá-lo. Até então o distrito era dividido ao meio pelo rio Maranhão, sendo o lado esquerdo (ou “lado Matriz”) pertencente a Ouro Preto e o lado direito (“lado Matosinhos”) pertencente a Conselheiro Lafaiete (outrora Queluz). 

Após a promulgação da Lei Estadual nº 843, em 7 de setembro de 1923, o distrito de Congonhas, já unificado, foi transferido para o município de Conselheiro Lafaiete, de acordo com a nova divisão administrativa do estado de Minas Gerais.

Com o desenvolvimento e crescimento de Congonhas em virtude da exploração das jazidas de minério de ferro nas redondezas, tornava-se necessária a instalação de um grupo escolar dentro de sua área urbana, desejo manifestado por muitos, inclusive o Senador mineiro e Administrador do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Cônego João Pio de Souza Reis, árduo defensor da ampliação da educação em nossa região, uma das figuras mais importantes da história congonhense.

E em 15 de junho de 1929 cristalizava mais esse intento aos congonhenses: o então governador de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, atendia ao apelo popular e promulgava o Decreto Estadual nº 9.093, autorizando a criação do grupo escolar “Congonhas do Campo”, constituindo-se o primeiro grupo escolar a funcionar no núcleo urbano do distrito congonhense. 

A inauguração aconteceu no festivo dia 15 de fevereiro de 1930, iniciando suas atividades instalado em um sobrado na rua Padre João Pio (antiga rua Direita), próximo à igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Durante sua primeira década de funcionamento, lecionaram nessa fase da escola as professoras Dona Lalá, Maria Marcossi, Dinorah Senra, Maria de Oliveira Castanheira, Maria Raimunda Junqueira e Rosária Corrêa.

Vista parcial de Congonhas em 1946. No destaque o sobrado que abrigou o Grupo Escolar Barão de Congonhas – rua Padre João Pio (rua Direita). Foto: Marcel Gautherot.

A Educadora “Dona Lalá”:

Maria José de Andrade, a “Dona Lalá” - natural do distrito de Santana do Deserto (que nessa época pertencia a Juiz de Fora) onde nasceu em 1882, veio para Congonhas em 1908 na condição de professora habilitada³, indo lecionar no distrito do Redondo (atual Alto Maranhão), onde lá conheceu (e uniu-se em matrimônio) Manoel Jacintho de Freitas (ou “Manoel André” como o chamavam), formando numerosa família. Ainda jovem seu esposo adoeceu e Dona Lalá viveu um período de angústias e incertezas. Debilitado, Manoel faleceu em 1927. Agora viúva, criou e educou sozinha seus filhos, o que fez com muita luta, energia e coragem, além do seu rotineiro trabalho como professora.

Dona Lalá - acervo família Junqueira
Instalado o grupo escolar “Congonhas do Campo” em 1929, Dona Lalá foi convidada a lecionar para novos alunos, aceitando o desafio. E tão logo iniciou suas atividades, foi nomeada, por um curto período, diretora interina do recém-criado educandário em substituição ao diretor José Augusto de Resende. Em 1932 seria nomeada Diretora para o biênio 1932/1933, cargo que ocupou com afinco e determinação.

Após 37 anos dedicados intensamente ao ensino em Congonhas, Dona Lalá aposentou-se de suas atividades, mas não deixou de prestar apoio a quem necessitasse de auxílio educacional.

Maria José de Andrade, a “Dona Lalá”, faleceu em 8 de setembro de 1975, aos 93 anos, em Congonhas.

Pelos seus feitos enquanto educadora e por sua disponibilidade em permutar o terreno4 para construção da sede do grupo escolar que tanto dedicou seu tempo, foi homenageada, “in memoriam”, pela Prefeitura de Congonhas emprestando seu nome à escola do bairro Jardim Profeta, que recebeu a denominação de “Escola Municipal Dona Maria José de Andrade”, através da Lei Municipal nº 617, em 1974.

Dona Lalá foi exemplo de mulher devotada à causa educacional, quebrando padrões em sua época, onde costumeiramente a mulher cuidava somente dos filhos e afazeres domésticos. Foi uma mãe muito querida por seus filhos e uma diretora estimada e respeitada por quantos tiveram o privilégio de trabalhar e conviver com ela. Venceu preconceitos, formou cidadãos de bem e trilhou com maestria o árduo caminho que promove a educação, deixando um legado para as gerações seguintes de professoras que nela se espelharam para educar milhares de crianças em nossa cidade, inclusive uma de suas filhas, a Fortunata (Naná), que seguiu seus passos no magistério, destacando-se como uma renomada professora em Congonhas, e que, desde 1994, empresta seu nome à Escola Municipal Fortunata de Freitas Junqueira.

A construção da sede própria e a mudança de nome:

No início da década de 1940 iniciou-se o trabalho para a escolha e aquisição de um terreno para a construção da sede própria do grupo escolar “Congonhas do Campo”, ainda em atividade no sobrado da rua Padre João Pio. 

O local escolhido para edificar e abrigar sua futura sede própria foi na avenida Presidente Vargas, em uma grande área que pertencia ao governo de Minas Gerais. Mas o terreno não favorecia o projeto proposto, pois era bem irregular. Então, iniciaram negociações com a Dona Lalá, possuidora do terreno em frente e em melhores condições, para que fosse feita uma troca. Após um consenso, chegaram a um acordo. E em 3 de agosto de 1943 o governador de Minas Gerais, Benedito Valadares Ribeiro, e seu Secretário de Educação, Cristiano Monteiro Machado, sancionaram o Decreto-Lei nº 929 que autorizava a permuta de um terreno de propriedade do Estado, com 2.131,10 m², fazendo divisas com as propriedades do Sr. Francisco Senra Martins, de Dona Lalá e do Sr. Antônio Gonçalves Ferreira, para edificar a nova sede do grupo escolar "Congonhas do Campo".

Após a permuta do terreno entre o Estado e Dona Lalá, o município de Congonhas (emancipado em 1938 e ainda com parcos recursos financeiros), sob a gestão do prefeito Alberto Teixeira dos Santos Filho – o “Dr. Albertinho”, iniciou em 1944 as obras de construção da nova sede, através de parceria com o governo de Minas Gerais, que a financiou. 

A inauguração do novo prédio ocorreu em meados de 1945, com a presença das autoridades locais, professores, pais, alunos e claro, de Dona Lalá. 

No mesmo ato inaugural da nova sede, este foi rebatizado, recebendo a denominação de grupo escolar “Barão de Congonhas” através do Decreto Estadual nº 2.143, sancionado em 6 de junho de 1945 pelo Governador de Minas Gerais, Benedito Valadares Ribeiro, e pelo Secretário de Educação, Cristiano Monteiro Machado. 

O prédio foi construído com modernas instalações para época, sendo entregue com oito salas de aula, sanitários, um cômodo para depósito e outro para arquivo, uma secretaria, sala de espera, sala da diretoria, sala para supervisão, sala de professores, sanitários para professores (masculino e feminino), pátio para atividades extraclasse, galpão e dois corredores.

Após a inauguração de sua nova sede na Av. Presidente Vargas, o “Barão de Congonhas” abrigou por um longo período a "Caixa Escolar Cônego João Pio", cujo objetivo era o de manter a distribuição de sopa e itens de primeira necessidade aos alunos carentes de Congonhas.

Vista parcial de Congonhas - 1960 - em destaque o atual prédio do "Grupo Escolar Barão de Congonhas".

A alteração do nome para “Barão de Congonhas”:

Desde sua instalação em fins de 1929 até a inauguração da nova sede em 1945, seu nome era grupo escolar "Congonhas do Campo". A partir de então recebeu nova denominação: grupo escolar "Barão de Congonhas".

O nome é uma homenagem a Lucas Antônio Monteiro de Castro - Barão de Congonhas, e foi proposto por Cristiano Monteiro Machado, Secretário de Estado de Educação à época. 

Cristiano é bisneto, pelo lado materno, do Barão de Congonhas. Nascido em Sabará em 1893, filho de Virgílio Cristiano Machado e de Maria Helena (Marieta) Monteiro Cristiano Machado, sendo congonhense suas origens maternas. 

Bacharel pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro em 1918, foi prefeito de Belo Horizonte (1926 - 1929) e concorreu à Presidência da República em 1950 pelo PSD tendo como vice Altino Arantes (PSD-PR). 

Quando da construção da nova sede do grupo escolar “Congonhas do Campo”, Cristiano Machado ocupava a pasta de Secretário de Educação do governo mineiro. 

Seu bisavô Lucas Antônio Monteiro de Castro, nascido em Congonhas em 1808, era sobrinho do Barão e Visconde de Congonhas do Campo – Lucas Antônio Monteiro de Barros e de seu irmão, Romualdo José Monteiro de Barros – o Barão do Paraopeba,  portanto, pertencente a uma das mais influentes famílias brasileiras dos séculos XVIII e XIX, possuidores de ricas lavras de ouro em Congonhas e região, e depois, quando migraram para a zona da mata mineira e o sul fluminense, empreenderam como produtores de café, constituindo inúmeras fazendas e fundando até cidades. 

O Barão de Congonhas – Lucas Antônio Monteiro de Castro, possuía o título nobiliárquico conferido por Dom Pedro II e era uma das figuras políticas mais influentes de Congonhas e Ouro Preto no século XIX. Além de fazendeiro, Juiz de Paz e Major da Guarda Nacional condecorado com a Imperial Ordem da Rosa, do Império do Brasil, foi nomeado por um período Tesoureiro da Fazenda da província de Minas, e eleito Vereador e Presidente da municipalidade (prefeito) de Ouro Preto, e Deputado provincial de Minas Gerais entre 1874 e 1875. Faleceu em 1891 em Congonhas, sendo sepultado no cemitério de Nossa Senhora da Conceição. 

Assim, como forma de manter viva a memória de seus antepassados, Cristiano Machado propôs a homenagem ao seu bisavô, atribuindo seu nome ao novo prédio escolar em Congonhas, que passou a denominar-se “Grupo Escolar Barão de Congonhas”.

As reformas estruturais ao longo dos anos:

No primeiro semestre de 1974 foi realizada a primeira reforma do prédio. A restauração ficou sob a responsabilidade da CARPE (Construção, Ampliação e Reconstrução dos Prédios Escolares de MG, sendo entregue novamente à comunidade escolar congonhense com diversas melhorias.

Já em 1987, a escola passou por obras de ampliação, também realizadas pela CARPE, tendo sido construídos os anexos que abrigam a nova cantina, os banheiros e a biblioteca. Foi também realizada a instalação das grades à frente da fachada frontal.

Em 2005 o governo de Minas Gerais, através da Secretaria Estadual de Educação, realizou a última grande intervenção na edificação. Ao contrário das anteriores, durante essa reforma, não houve a preocupação com a preservação e recuperação de alguns dos elementos originais do imóvel, tendo sido realizada a substituição dos pisos originais, em ladrilhos hidráulicos, por revestimentos cerâmicos nas salas de aulas e nos corredores. Além disso, houve a troca do manto de cobertura e a pintura da edificação.

Professora “Neném Marcossi”: 

Dentre as inúmeras professoras que lecionaram no novo prédio escolar após sua inauguração, Maria da Conceição Marcossi Teixeira (a estimada “Neném” Marcossi) foi uma delas. 

Filha de Benedito Marcossi e Eponina de Faria Marcossi, “Neném Marcossi” é sobrinha de Maria Marcossi, uma das primeiras professoras de Congonhas. E sua relação com a escola “Barão de Congonhas” é especial, pois, ali estudou até a 4ª série primária quando o educandário ainda funcionava na rua Pe. João Pio, na década de 1930, sendo sua primeira professora a saudosa Maria Raimunda Junqueira. Em seguida ingressou no Colégio das Irmãs Marcelinas5, que ficava ao lado da Igreja de São José, bem em frente à casa do Sr. Odorico Martinho. E aos 13 anos de idade foi convidada a lecionar no grupo escolar Barão de Congonhas substituindo temporariamente uma professora. Tomou gosto e ganhou a confiança da direção da escola e acabou se tornando professora titular. Lecionou por quase 10 anos quando se casou em 1950 com o belo-valense Amado Mendes Teixeira.

E vale citar as professoras Terezinha Castanheira, Fortunata Junqueira (Naná – filha de Dona Lalá); Maria Raimunda Junqueira, Rosária Corrêa, Maria Fonseca Barros, Maria Penha da Glória Magalhães, Rosita de Freitas, Maria Suzana de Freitas, Dona Natinha, Dona Adelina, Edina Palmieri, Geni Senra Rossi, Antônia Moreira, Glicéria da Costa Pinto, Tereza Dias Leite, Dalila Candreva, Maria Olímpia Seabra, Geralda Moreira e Maria Lúcia Rossi que também lecionaram no “Barão de Congonhas” nas décadas iniciais de seu funcionamento no novo prédio.

Segundo Luciano Paulino Junqueira (filho de Dona Naná e neto de Dona Lala), que estudou no Barão de Congonhas entre os anos de 1950 a 1953, a Dona Catarina era a responsável por "tocar o sino" para os intervalos e recreio dos alunos, além de vender as tradicionais "cocadas brancas".

Reunião de Professoras que trabalharam na Escola "Barão de Congonhas" - 2011 - Acervo: Redes Sociais/Maria Olímpia Seabra - postada em abril de 2012

O Presidente Dutra em Congonhas:

Em maio de 1947 a professora Maria Marcossi (tia de Neném Marcossi) e seus alunos tiveram a honra de recepcionar, na estação ferroviária de Congonhas, o então Presidente da República, o General Eurico Gaspar Dutra. Entre os alunos estava minha saudosa tia Egle Candreva e o amigo Válter Vasconcelos (o afamado baterista “Neném da Didô"). 

Animados pela corporação musical Senhor Bom Jesus, os alunos acenaram para o Presidente Dutra, assim que o trem expresso parou na estação. Gaspar Dutra, vindo de Belo Horizonte onde participou da inauguração de uma feira agropecuária, seguia para o Rio de Janeiro. 

Em Congonhas o Presidente promoveu um pequeno discurso aos amigos correligionários do Partido Social Democrático – PSD, que fizeram grande festa. 

Após seu discurso, Gaspar Dutra recebeu dos alunos do “Barão de Congonhas” um lindo buquê de flores, e em seguida, rumou para o Rio de Janeiro.

Alunos e professores em frente ao Grupo Escolar Barão de Congonhas - 1954
Foto: Museu da Imagem e Memória de Congonhas


Diretores(as) do “Barão de Congonhas”:

Ao longo de sua história o grupo escolar Barão de Congonhas teve, até aqui, os seguintes diretores(as):

1929 a 1930 - José Augusto de Resende (Maria José de Andrade – interina 1929)

1930 (março) - Luciana Francisca Junqueira

1930 (abril) - Mariela de Araújo

1930 (outubro) - Maria José Andrade (substituta)

1930 (outubro) - Francisco Braga da Silva

1931 (janeiro) - José Domingos Loureiro

1932 - Joaquim Pinto Lara

1932 - Maria José de Andrade

1933 a 1941 - Augusto Jordão de Carvalho

1942 a 1943 - Hermínia de Azevedo

1944 (maio) - Maria de Oliveira Castanheira

1945 a 1946 - Hermínia de Azevedo

1946 - Maria de Oliveira Castanheira

1949 - Dinorah de Oliveira Senra

1950 a 1953 - Dione Spitali de Mendonça Jorge

1956 - Vera Garabini

1957 - Maria do Rosário Oliveira

1959 a 1961 - Fortunata de Freitas Junqueira

1962 - Rosália Andrade da Glória

1964 a 1989 - Terezinha de Jesus de Paula Costa - designada em 1964, readaptada em 1965 e aposentada em 04/02/1989

-- - Irene de Figueiredo Camargo - substituta

-- - Mary Gomes Valentim - substituta

1989 - Elma Ferreira de Souza - designada / concursada e eleita para 1993

1994 - Nicéa Ferreira Lobo Sotoriva - concursada em 1993

2000 - Rosilene Coelho Braga Santana

2004 - Rosilene Coelho Braga Santana

2007 - Rosilene Coelho Braga Santana

2011 - Rosilene Coelho Braga Santana

2012 - Maria de Jesus Santana Vartuli

2013 - Leonora de Fátima R. Vasconcelos

2017 - Rosane Vieira Martins

2017 - Anivaldo Pedro de Souza

2022 a 2024 - Mirtes Socorro Andrade Costa

2025 - Rosimeire Cordeiro

A Diretora Therezinha de Jesus de Paula Costa:

A congonhense Therezinha de Jesus de Paula Costa se tornou a diretora que mais tempo ficou à frente do educandário, permanecendo no cargo por 24 anos consecutivos.

Filha de Antônio Marciano de Paula (que ficou conhecido como “Birú”) e de Alzira Eugênia Mendes, Therezinha nasceu em 1937 e seus estudos iniciais foram no Colégio das Irmãs Marcelinas5 entre 1943 e 1944. No ano seguinte (1945) ingressou na 2ª série da Escola Estadual Barão de Congonhas (em sua nova sede), e teve como professoras Geni Senra Rossi, Toninha (Lafaiete) e Glicéria da Costa Pinto.

Após concluir a 4ª série e diante das dificuldades financeiras vividas por seus familiares, escreveu uma carta ao Arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, pedindo auxílio para custear a continuidade de seus estudos. Foi atendida em sua solicitação e pôde concluir seus estudos no Colégio Nazareth em Conselheiro Lafaiete, formando-se em 1956 como professora do curso primário. 

Durante sua permanência no Colégio Nossa Senhora de Nazareth, tornou-se em 1956 a redatora do "Jornal Centelhas de Nazareth", órgão de comunicação das alunas e ex-alunas, onde publicou o acróstico "Colégio e Colegas, Adeus!".  

Entre 1957 e 1961 lecionou no Grupo Escolar Barão de Congonhas. Em 1962 aperfeiçoou-se em Belo Horizonte na profissão de educadora, realizando no Instituto de Educação o curso de Administração Escolar, se tornando a primeira Diretora Técnica habilitada de Congonhas. E logo depois na FAFI/BH cursou Pedagogia.

Após mais de duas décadas se dedicando à direção do “Barão de Congonhas”, aposentou-se em 1989 sendo substituída por Elma Ferreira de Souza.

Turma de formandos - Grupo Escolar Barão de Congonhas – década de 1960
Foto: Museu da Imagem e Memória de Congonhas

A municipalização:

A Escola Estadual Barão de Congonhas foi municipalizada no início de dezembro de 2021 após adesão ao projeto Mãos Dadas, do governo de Minas de Gerais. Com a aprovação do repasse de recursos pela Câmara de Vereadores, a unidade, que atende alunos do Ensino Fundamental I (com turmas do 1º ao 5º ano) divididos em 14 turmas durante os períodos matutino e vespertino, agora integra o quadro da rede municipal de ensino, tendo seu nome alterado para “Escola Municipal Barão de Congonhas”. Durante o período noturno, a edificação recebe alunos do Centro de Estudos Supletivos – CESU, que não possui uma sede própria.

Atualmente Congonhas possui mais de 30 unidades escolares, além de outros centros educacionais, mas a Escola Municipal Barão de Congonhas é destaque de honra na educação e formação do povo congonhense.

E inúmeros foram os professores que dedicaram seus ensinamentos em prol do aprendizado e crescimento pessoal das milhares de crianças que lá estudaram, e ainda estudam, contribuindo para uma formação sólida de nossos cidadãos.

Valorização cultural:

Depois de alguns anos de pesquisas históricas acerca da edificação do "Barão de Congonhas" e das solicitações da comunidade, em 2018, reforçadas pelo Requerimento nº 1.132/2018, de autoria do então Vereador Vagner Luiz de Souza que propôs através de projeto de lei, o tombamento do prédio sede da Escola Estadual Barão de Congonhas, o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Congonhas - COMUPHAC, iniciou o processo de tombamento municipal, culminando em 16 de abril de 2019, conforme o Decreto Municipal nº 6.815, o bem imóvel sede da Escola Municipal Barão de Congonhas, localizado na avenida Presidente Getúlio Vargas, por seu valor histórico e cultural, foi tombado e inscrito no livro de Tombo do Patrimônio Histórico de Congonhas sob o nº 22, sujeito à proteção em conformidade com a Lei Municipal nº 1192/1984, o Decreto Lei nº 25/1937 e o artigo 216, parágrafo primeiro da Constituição da República de 1988..

Quase centenária, a escola “Barão de Congonhas” segue promovendo suas atividades educacionais e preparando seus alunos para os desafios futuros que enfrentarão no curso de suas existências.

Ato cívico - homenagem das Balizas do Grupo Escolar Barão de Congonhas ao Prefeito e ao Presidente da Câmara Municipal de Congonhas – década de 1960 - Foto/acervo: Grupo Escolar Barão de Congonhas

Turma de formandos - Grupo Escolar Barão de Congonhas – 1967 – Foto/acervo: Grupo Escolar Barão de Congonhas

Alunos da 4ª série - Grupo Escolar Barão de Congonhas – 1980 – Entre os alunos está o atual prefeito de Congonhas - Anderson Costa Cabido - Foto: redes sociais


Notas:

1 - Padre Superior do Colégio Caraça;

2 - As escolas mistas dos distritos de Alto Maranhão e Lobo Leite antecedem a reforma no sistema de educação mineiro em 1906;

3 - cursou o Normal no Colégio das Irmãs Imaculada Conceição - Barbacena/MG;

4 – O terreno era herança de seu esposo, em comum com seus filhos;

5 - Colégio das Irmãs Marcelinas – único educandário exclusivamente feminino de Congonhas – teve duração efêmera na década de 1940, instalado ao lado da Igreja de São José, onde funcionou.


Referências:

 

  • ALMG – Assembleia de Minas Gerais;

  • Arquivo Público Mineiro;

  • Câmara Municipal de Congonhas (legislação municipal);

  • Escola Estadual Barão de Congonhas (regimento interno);

  • Dossiê de Tombamento Municipal da Escola Barão de Congonhas;

  • Atlas Escolar Histórico e Geográfico de Congonhas – edição de 2009;

  • Museu de Imagem e Memória de Congonhas.

 

Depoimentos:

  • Roberto Candreva (2016);

  • Egle Candreva (2017);

  • Maria da Conceição Marcossi Teixeira (2019);

  • Familiares de Maria José de Andrade - “Dona Lalá” (2019);

  • Alencar de Paula Reis (2025);

  • Therezinha de Jesus Paula Costa (2025);

  •       Lindorico Guerra (2025).

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