Benedito Valentim da Costa - O vicentino "Bibi"...

Benedito Valentim da Costa, mais conhecido como “Bibi”, nasceu em 22 de janeiro de 1920 na cidade de Lagoa Dourada, MG. Ainda criança veio residir com os pais na localidade conhecida como “Jurema” (próximo a São Gonçalo), no município de Conselheiro Lafaiete, onde seu Pai principiou a trabalhar na Companhia A. Thun Mineração, responsável à época pela exploração da jazida de manganês existente na região.

Com a transferência de seu Pai para a mina “Casa de Pedra” (também operada pela Cia. A. Thun Mineração) em 1937, Bibi aproveitou a oportunidade e seguiu para a cidade fluminense de Niterói, onde foi trabalhar, e nas horas de folga praticar futebol, uma de suas paixões. Nessa época já aflorava seu talento e técnica como zagueiro nos times de futebol de várzea em que participava.

Depois de pouco mais de um ano residindo em Niterói, Bibi veio morar no distrito de Honorário Bicalho, em Nova Lima, onde permaneceu por quase dez anos, trabalhando na Mina Morro Velho como condutor de bonde.

Era de sua responsabilidade conduzir o trenzinho com cerca de nove vagões, transportando terra de dentro da mina para ser garimpada no engenho em Nova Lima. Amante do futebol, aproveitava seus momentos de folga para atuar no time do Cruzeiro de Honório Bicalho, colecionado inúmeras amizades. E em plena juventude vivenciou outro momento marcante em sua trajetória de vida: uniu-se em matrimônio com Carmem Vale da Costa, e desse consórcio formou numerosa família.

No final da década de 1940, Bibi mudou-se com a família para Congonhas, desta vez para trabalhar na mina de Casa de Pedra, agora sob a direção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Um pouco antes, porém, um acidente dentro dos gramados encerrou sua carreira de jogador de futebol, o que não lhe impediu de manter sua paixão pelo esporte. Passou a atuar como treinador de futebol e logo se destacou, o que lhe rendeu um convite para se transferir para a CSN. Veio para treinar o time do Casa de Pedra Esporte Clube e atuar profissionalmente na empresa.

E a parceria deu certo: à frente do “Casa de Pedra”, Bibi sagrou-se campeão em vários torneios e campeonatos em Congonhas e região, como o inesquecível bicampeonato na Liga de Desportos de Conselheiro Lafaiete (1963/1964), e o consequente acesso à 2ª Divisão do Campeonato Mineiro de Futebol Profissional, disputado no ano de 1966, onde Bibi elevou o padrão do esporte em nossa região.

Escudo do Casa de Pedra Esporte Clube -  década de 1960

Na CSN foi durante anos encarregado da linha aérea, que era o sistema de transporte do minério nas caçambas presas por roldanas aos cabos de aço, que ligavam a mina até o embarcadouro da “plataforma”, onde os vagões dos trens da Central do Brasil eram carregados e o minério enviado à usina siderúrgica de Volta Redonda/RJ.

Da Vila Operária de Casa de Pedra, Bibi mudou-se com a família para a área central de Congonhas na década de 1960, se estabelecendo na Avenida Júlia Kubitscheck. E foi aí que Bibi dedicou quase 30 anos a enfeitar seu jardim com uma bela árvore de luzes no período natalino, tornando-se referência na cidade. Foi a primeira árvore de natal a ter lâmpadas coloridas na cidade, ainda na década de 1970.

O lendário time do Casa de Pedra Esporte Clube – com a faixa de “bicampeão – 1963/1964” da Liga de Esportes de Conselheiro Lafaiete no campo do Meridional - Benedito Valentim da Costa, - “Bibi” é o 2º em pé, da esquerda para direita. Na foto: em pé – Adelino, Bibi, Airton, Danilo, Vaninho, Wesley, Ném, Luís Rodrigues, Levindo, Dilson, Juarez, Montoeira (goleiro) e Dr. Borges. Agachados: Cirilo, Agostinho, Geraldo, Jair, Vaner, Dedão e Robertinho

Outra faceta do Bibi era a de realizar trabalhos voluntários em prol da comunidade, desde que passou a fazer parte da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP).

Como vicentino, ajudou a fundar a Conferência de Santo Afonso e era frequentador assíduo da Conferência de Santa Bárbara.

Ao lado do vicentino José Costa, Bibi coordenou as obras de construção da Casa do Idoso São Vicente de Paulo, no bairro Novo Rosário, projetada para ter a capacidade de abrigar até 80 idosos, dividida em ala masculina e feminina.

Além de vicentino, Bibi foi durante quatro décadas festeiro nas celebrações da Semana Santa, auxiliando na confecção dos tapetes artesanais de rua para enfeitar o trajeto por onde passava a procissão do dia de Corpus Christi e também a procissão do Santíssimo, na manhã do Domingo de Páscoa.

Em 2004 recebeu da Câmara Municipal de Congonhas o reconhecimento como “Cidadão Honorário”, através do Decreto Legislativo nº 491, pela sua linda trajetória de vida, grande parte dela vivida na “Cidade dos Profetas”.

Benedito Valentim da Costa, o Bibi, faleceu em 24 de maio de 2015 aos 95 anos de idade, sendo reconhecido em uma homenagem póstuma emprestando seu nome à uma rua do bairro Santa Vitória em Congonhas com a promulgação do Decreto Legislativo nº 1.150/2016. Em 2024 foi novamente homenageado postumamente, desta vez emprestando seu nome ao auditório do Centro de Referência de Longa Permanência do Idoso, que passa a denominar-se “Auditório Benedito Valentin da Costa - Sr. Bibi”.

Bibi legou ao povo congonhense as mais devotadas demonstrações de fé, compromisso, irmandade e amor ao próximo.

Por André Candreva

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas
Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas
Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete
Academia de Letras Brasil – RMBMG
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
Academia de Letras, História e Genealogia da Inconfidência Mineira


REFERÊNCIAS:

Câmara Municipal de Congonhas – acervo legislativo;
Museu da Imagem de Memória de Congonhas - acervo fotográfico;
Depoimento de familiares e amigos - 2023.

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