Dom João Muniz – O Missionário da Saúde

Dom João Muniz nasceu em 14 de janeiro de 1900 no distrito denominado Chácara em Juiz de Fora. Filho de Joaquim Leal Muniz Maranhas e Olímpia Augusta Henriques de Campos Maranhas, estudou e foi ordenado padre redentorista na Holanda. De volta ao Brasil foi designado para a cidade de Congonhas na década de 1930, onde tornou-se professor do Seminário São Clemente e secretário do Santuário Senhor Bom Jesus. Nesse cargo, coordenou a remodelação e construção do prédio do Santuário, do hotel Santuário, as reformas das casas do “Beco dos Canudos”, das casas do lado esquerdo da Basílica e também da antiga Romaria. 

Teve uma atuação determinante no progresso e melhoria das instalações e benfeitorias do Santuário e de suas imediações.

Mas uma de suas maiores contribuições para Congonhas foi a demarcação do território do município na ocasião de sua emancipação em 1938.

Naquele momento foi realizada uma grande negociação política que contou com uma estratégia liderada por Dom Muniz, que garantiu ao futuro município de Congonhas, as áreas onde estava localizada uma grande jazida de minério de ferro.

E por um longo período (1927 a 1939) Dom João Muniz foi capelão na igreja devotada à Nossa Senhora D’Ajuda, no distrito do Alto Maranhão (primitivo distrito do Redondo), em Congonhas.

Em 15 de novembro de 1942 realizava-se a missa solene de sagração de Dom João Muniz na Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, como Bispo da Barra, Bahia. Dom Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana, foi o sagrante, e Dom Rodolfo das Mercês Penna, Bispo de Valença, em conjunto com Dom Justino José de Santana, Bispo de Juiz de Fora, foram os consagrantes. Serviram de paraninfos os senhores João Penido e João Villaça, médicos e residentes em Juiz de Fora, terra natal do novo Bispo. Além dos congonhenses, a Basílica do Bom Jesus estava repleta de fieis advindos de Belo Horizonte, Juiz de Fora e localidades circunvizinhas a Congonhas. Após a missa solene, Dom João Muniz recebeu diversas homenagens ao longo do dia.

No início da década de 1940 deixou a “Cidade dos Profetas” para assumir o bispado da cidade de Barra/BA, uma região muito pobre do nordeste brasileiro. Mais um grande desafio em sua caminhada. E o enfrentou com altivez e sabedoria.

Já como bispo de Barra, foi um dos precursores na luta para erradicação da malária naquela região. Em 1944 Dom João Muniz se empenhou para angariar fundos destinados à construção do Seminário da Diocese de Barra, no município de Correntina/BA. Organizou e promoveu em julho de 1950, a 2ª Semana do Fazendeiro do Médio São Francisco e a Exposição Agropecuária da região de Barra/BA, com a participação do Senador Novais Filho e do Ministro da Agricultura, Dr. Carlos Lobão Muniz de Souza.

Foi agraciado em 1950 com o Prêmio Nacional de Prevenção da Cegueira, conferido pela Liga Nacional de Prevenção da Cegueira, recebendo das mãos do Ministro da Saúde Pedro Calmon, pelo relevante serviço público prestado ao Brasil na prevenção da cegueira nas populações carentes, em especial na região do médio São Francisco.

Em 1951 Dom João Muniz esteve pessoalmente com o Presidente da República, Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, onde cobrou maior interesse por parte do Governo Federal para as questões de ordem social do médio São Francisco, e também o apoio de Vargas para as comemorações da Semana do Lavrador na cidade de Barra/BA. Neste mesmo ano visitou o Papa Pio XII na Santa Sé, de quem recebeu benção especial pela sua boda de prata sacerdotal, comemoradas no Colégio Witten, da Congregação Redentorista, na Holanda.

No ano de 1954 recebeu o título de "Missionário da Saúde", por ser o patrono espiritual das atividades do Serviço Nacional no Combate à Malária na região do semiárido baiano. E também por promover uma extensa campanha contra a esquistossomose nas cidades de Garanhuns, Caruaru e Recife, no estado de Pernambuco. Dom João Muniz é considerado um dos pioneiros dos serviços de assistência ao homem do campo, no interior do nordeste brasileiro.

Dom João Muniz resignou-se do bispado quando já não se sentia capaz de atuar com vigor nas causas urgentes daquele lugar. Retornou à Belo Horizonte onde voltou a ser padre redentorista. Permaneceu na capital mineira até a sua morte em 10 de dezembro de 1977, aos 77 anos.

A pedido da população do Município de Barra/BA foi sepultado dentro da Catedral da cidade como uma última homenagem e reconhecimento pelos trabalhos prestados.

Por André Candreva

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Congonhas
Academia de Ciências, Letras e Artes de Congonhas
Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete
Academia de Letras Brasil – RMBMG
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
Academia de Letras, História e Genealogia da Inconfidência Mineira


REFERÊNCIAS:

Província Nossa Senhora Aparecida: Regional RJ - MG - ES
Jornal A Noite - 29/11/1942
Jornal Tribuna da Imprensa - 04/07/1955
Jornal Correio da Manhã - 17/03/1956
Jornal Tribuna da Imprensa - 19/03/1956

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Escola Barão de Congonhas - a caminho de seu centenário...

Catástrofe durante a Procissão dos Passos em Congonhas

Tragédia horrível em Congonhas